SOLENIDADES - Crônica Narrativa



É incrível como em toda solenidade todos se comportam de maneira igual quando querem cumprimentar a maior autoridade presente, ou o personagem mais importante do evento! Como todos se apertam, furam fila como quem não quer nada; se hostilizam com medo de um passar na frente do outro; como ficam ansiosos, apreensivos; às vezes um olha para o outro, com o qual tem muito mais proximidade, mais intimidade do que com aquele com quem tanto deseja falar e mal o cumprimenta, pois aquele ao lado, próximo, pouco lhe importa; importante é cumprimentar, é falar com a estrela da festa!

O que está à frente, pressionado pelo de trás, vira-se incomodado, faz cara de poucos amigos, se posiciona usando o próprio corpo como barreira para não perder o seu lugar. E de mamando a caducando, pobres e ricos, todos se portam assim, é muito pior do que na fila do pão!

Todos os presentes fazem questão de ir até o alvo dos holofotes; optam mais pela fila dos cumprimentos do que pela dos comes e bebes! Todos querem chegar perto, todos querem cumprimentar, apertar a mão e se chegar a abraçar... é como um prémio!

Eu sinceramente, só não sei se realmente fazem questão de cumprimentar, de ver ou de serem vistos, de serem vistos por... de serem vistos com... ou se aproveitam a oportunidade, se tiram proveito, se exploram a imagem do outro para aparecer.

Em nenhuma outra situação, um abraço, um simples aperto de mão é tão valorizado, é tão importante, disputado e às vezes de alguém que nem conhece e que nem sabe quem é aquele que faz tanta questão de cumprimentá-lo (a), de abraçá-lo (a); quase sempre aquele que até se flagela para ver ou ser visto, sequer ao cumprimentar atrai o olhar daquela pessoa com e por quem tanto deseja ser notado!...

E interessante é pensar que quase todos os que levam as pessoas a isso, só estão ali, naquela posição, porque as pessoas, essas mesmas pessoas os fizeram chegar até lá!...


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