DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS - Crônica Ensaio



    Observar as relações, os tratamentos interpessoais em todos os meios é, ou pode ser algo surpreendente, ou, não tão, pois, no fundo, tudo o que se vê, que se verá é usual... basta ser atento e nem precisa ser muito analítico para perceber, para ver e até se chocar com as relações, com os tratamentos dados uns aos outros e isso no dia-a-dia, nos mais diversos locais, nas mais diversas situações, em todos os meios sociais e de poder.
       Contudo, existe um meio específico no qual as relações e tratamentos interpessoais talvez chamem mais a atenção, pelos seus exageros, nas maneiras de tratar... de lidar com os variados tipos de pessoas; esse meio é o político; como é engraçado, ou, espantoso, ver as diferenças nos tratamentos dados às pessoas, dependo das posições que elas ocupam, das funções que desepenham, dos cargos nos quais elas estão, do que elas têm, ou não a oferecer... os tratamentos que cada um recebe nesse meio tem tudo haver com essas citações, pois, varia de acordo com elas, ou seja, com o cargo que se ocupa, com a função que desempenha, com a posição e com os benefícios que se pode ter, ou não, com o que o outro tem a oferecer, no quanto o outro pode ser útil e ainda, no quanto se precisa dele; não faltam exemplos, para testificar e reforçar esta afirmação. 
       Frequentar o meio político é, dentre tantas coisas, assistir, presenciar, dentre tantas coisas, relações das mais diplomáticas às incivis, das mais amistosas às descortezes; mas, porém,
 contudo, todavia, não se vê, ou se verá, o maior, ou, o que está em uma posição mais importante, elevada, superior, ser tratado sem uma diplomacia exagerada até e isto de político para político!
       É de rir, ou, de chorar, assistir a alguns, dos muitos espetáculos que acontecem no meio político, mas, em particular, a discrepância nos tratos... é algo que nem vendo a gente acredita. Falando especificamente da maneira que a maioria dos políticos cumprimentam as pessoas e uns aos outros... pode-se observar que os cumprimentos, a entonação da voz, a quantidade de calor humano dispensada, variam de pessoa para pessoa, ou melhor, de acordo com a pessoa, com a importância e com o peso político que tem a pessoa.
   E não raramente esse tipo de espetáculo é um tanto quanto deprimente, pelo tamanho das desigualdades pelas quais é caracterizado, pois, se vê desde prefeito ser chamado de rei; governador, deputado, senador, serem tratados por outros políticos de menor influência, como se fossem grandes monarcas e eles, os ocupantes de cargos menores se colocando e se portando como súditos, ou servos dos detentores de grandes cargos, ocupantes de grandes posições, à indiferença àqueles que ocupam cargos menores, sem muita relevância, de pouca influência, sem posição de muito destaque, sem liderança. Quanto menor a importância política, a liderança, menor ou pior, é o tratamento que se recebe e o calor com o qual é recepcionado, é cumprimentado!
       E, sempre com a intenção de agradar ao que está um, ou uns degraus acima... trata vice como se fosse titular, exemplo, o vice-governador, vira governador, isso se o governador não estiver por perto, é claro, o governador por sua vez, vira futuro presidente, mesmo que esse não pretenda ser candidatado à Presidência da República e sempre com o emprego do pronome possessivo meu: " meu prefeito, meu governador! " Mas, não se ouve: meu eleitor, caro cidadão, estou à sua disposição, pronto para atendê-lo no que precisar!  
       Se um popular aborda um político, o procura em seu gabinete, para apresentar-lhe sua necessidade, sua demanda, principalmente fora de períodos de campanhas eleitorais, nem sempre, ou, raramente ele é muito amistosamente recebido, prontamente atendido. Os cumprimentos normalmente são: " tudo bem?! Bom dia, boa tarde! " E um sim pode ser uma grande surpresa, porque o não é certo! Um popular só recebe tratamento nobre e principalmente em época de eleições, se ele for uma liderança, um forte cabo eleitoral, ou seja, alguém que rende votos.
       Mas, se abordado, se procurado, se recebe o telefonema de uma grande autoridade, de alguém que está um degrau que seja acima, tudo muda de figura; aí é assim: " meu governador, meu futuro presidente, quanta honra! A que devo tamanha honra?! " O outro, o governador no caso, por sua vez, tratando-o pelo nome, ou pelo cargo, diz: " Ciclano, tudo bem! Como vai a família? " " Oh! meu 'presidente' bem, obrigado! E o senhor, meu governador, como vai essa grande fortaleza?! O que manda o meu  grandíssimo líder a esse seu servo?! No que posso lhe ser útil?! " Sim. É bem assim; nem entre cônjuges se vê tanta submissão!

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